domingo, 22 de setembro de 2024

Onze Anos de Turbulência: Do Impeachment ao Fascismo

Em junho deste ano, completaram-se 11 anos do início da situação caótica com a qual o Brasil convive até hoje. Em junho de 2013, o Gigante acordava e, como gigantes das histórias dos contos de fadas, saiu destruindo tudo e todos que via pela frente.
Desde 2013, o gigante do fascismo saiu de seu sono não tão profundo, de aproximadamente 70 anos. Milhares de pessoas nas ruas, obviamente nem todas fascistas, mas com um apreço por uma das principais marcas fascistas, os movimentos apartidários.
Já percebíamos o lado violento das manifestações com os infames black blocs, invadindo prédios públicos e privados e depredando tudo que estivesse à vista: lojas, bancos, comércios e patrimônios públicos.
Em 2016, houve o impeachment da presidente da República por crimes de responsabilidade fiscal, crimes esses realizados por todos os presidentes anteriores. Porém, como é sabido, o impeachment é um julgamento mais político do que jurídico, e como a presidente foi incompetente demais para governar, acabou ficando sem o Congresso e, consequentemente, sem o mandato. Nunca foi desonesta, até onde sabemos, porém foi incompetente, e isso, no jogo do poder, é fatal.
Mas não vamos colocar a culpa somente na incompetência da presidente. A corrupção dos governos do Partido dos Trabalhadores, antes visto como bastião da moral e da honestidade, havia há tempos mostrado que de santo não tinha nada. Isso com certeza facilitou muito a pancada que a então presidente recebeu de todos os lados, e para uma mulher com a história dela, não foi pouco.
Fomos governados pelo vice presidente após isso, e ele não governou para o povo, isso é sabido. Governou para os bancos e os milionários, governou para os poderosos do Brasil e do exterior, tudo isso enquanto o Gigante estava sentado esperando sua vez de criar mais caos.
Depois de vender o que pôde do Brasil, deixando o país refém dos oligarcas de plantão, o Gigante resolveu dar as caras, e fez isso da maneira mais inacreditável possível, parecia um episódio de Além da Imaginação. O Grandão resolveu escolher o pior deputado que essa nação já teve, eleito pelo Rio de Janeiro, conhecidíssimo por seus discursos machistas, golpistas e racistas, um homem que parecia mais um estereótipo de vilão de comédia policial pastelão, apresentado ao restante do  Brasil por programas como Casseta e Planeta, Super Pop, CQC, Pânico na TV, todos programas de cunho humorístico, sensacionalista ou ambos.
Deu certo. O Excelentíssimo deputado, para o azar de uma nação inteira, foi eleito presidente do Brasil. É sério! Bizarríssimo. Sim, "Groucho Marx" foi eleito presidente de uma das maiores economias do mundo, sem nenhuma proposta, sem nenhuma realização anterior, sem absolutamente nada, além da fama de outsider, mesmo estando na política desde 1988, e de uma lamentável tentativa de assassinato que sofreu de um esquizofrênico durante a campanha para a presidência.
O povo brasileiro havia comprado o discurso e elegeu uma marionete fascista para um dos cargos mais importantes do país. Consequentemente, foram os quatro anos mais tristes, excêntricos e desastrosos que o  Brasil enfrentara desde a Ditadura Militar. Os que não viveram aquela época dos militares conseguiram sentir o gostinho, mesmo que um pouco da tristeza que devia ser ter vivido àquela época. Jornalistas sendo enxovalhados, as informações do governo não eram mais confiáveis, o povo não acreditava nos profissionais da comunicação por causa da propaganda desonesta do governo, acreditavam apenas nos acéfalos da internet e, por incrível que pareça, até alguns acéfalos da mídia oficial comprada financeiramente e ideologicamente pelo palácio. Isso tudo, fora a competência mais do que eficaz de boicotar a nossa saúde publica durante umas das maiores pandemias dos últimos séculos.
Mas por que escrevo tudo isso? Porque nos últimos dias, em um debate para prefeito da maior cidade do Brasil, e uma das mais importantes cidades do mundo, aconteceram mais bizarrices. Em São Paulo, um dos candidatos de “direita” agrediu fisicamente com uma cadeirada outro candidato de extrema direita. E o mais absurdo de tudo isso é que o candidato de extrema direita provocou tanto o outro candidato, por dias a fio, que o acúmulo dessas provocações fez com que o candidato da direita, já esgotado de tantas ofensas, aberração e mentiras, perdesse o controle e fosse para cima do adversário usando uma cadeira.
O fascismo retomou conta da sociedade de um jeito que muita gente, inclusive pessoas moderadas como o que vos escreve, que só a ideia de resolver as coisas a base da força bruta, como neandertais embrulha o estômago, acaba relevando a atitude do candidato agressor. 
Nessas horas, tenho a certeza de que a democracia está perdendo feio a briga, e que o gigante está destruindo violentamente e certeiramente tudo que nos afasta da barbarie.
Confesso não saber se existe um desvio desse caos, um que não se resuma em um conflito muito grande ou em simplesmente um W.O onde o fascismo ganha por desistência dos democratas e nos acompanha por muitos e muitos anos à frente!