quarta-feira, 26 de outubro de 2022

João 13:34

Sabe o que mais admiro nos cães, o amor absoluto que eles sentem por seus cuidadores, não gosto de usar a palavra dono, por que para mim, meu dono são eles, faço tudo por eles, o que precisarem, amo-os como se meus filhos fossem, não tenho filhos, mas acredito que o sentimento seja o mesmo.

Num passado não muito longínquo ouvia dizer que o que falta no mundo é amor, mas honestamente acredito que ainda havia uma boa quantidade de amor naqueles dias, infelizmente a sensação que tenho hoje é que realmente falta amor nesse mundo, no Brasil então, nos últimos 10 anos e especialmente nos últimos 4 anos, não falta só amor, mas sobra ódio.

As pessoas enchem a boca para dizer eu odeio, eu odeio fulano, odeio isso, odeio aquele, odeio aquilo, já eu, nesse ponto, aprendi com a vida e sou até chato do tanto que digo amar as pessoas que quero bem, como é difícil para as pessoas falarem eu te amo, ficam cheios de rodeios, como se fosse criminoso amar, odeiam de forma tão fácil e corriqueira, mas amar, nossa! Que tabu é o amar. 

Vivemos numa época de ódio gratuito, familiares param de conversar entre si, muitas vezes por motivos completamente vazios, política, credos, ideologias. Pessoas estão sendo agredidas verbalmente e fisicamente, apenas por pensar diferente, jornalistas sendo atacados nas ruas apenas por serem jornalistas, professores por serem professores, enfermeiros atacados por serem enfermeiros, médicos por serem médicos, gays por serem gays, negros por serem negros, políticos por serem políticos, mulheres por serem mulheres e a lista segue. 

Além do costumeiro e repugnante racismo, agora criamos o ódio gratuito por profissões, por ideologias. Não vou dizer que sou imune ao ódio, acredito que seja um sentimento humano e como todo sentimento humano quando cultivado irá crescer e se multiplicar. 

Acredito que temos nos últimos quatro anos, com auxílio do Excelentíssimo Presidente da República, fomentado o ódio, isso é comum no início de ideologias fascistas. Foi assim em todos os locais que o fascismo prosperou, inclusive nos regimes fundamentalistas sejam eles religiosos ou não.

O ódio é inebriante, te possui, te cega, divide, corrompe, destrói, te mata por dentro, e, por ser inebriante você nem percebe. Pessoas já iniciam as conversas sedentas por discordâncias, com sangue nos olhos, com provocações inúteis, sorrisos pretenciosos, provocações gratuitas, somente para se sentirem importantes, “sabidas”.

Embora eu seja Ateu, agnóstico algumas vezes, fui criado em família católica, frequentei igrejas, ministrei catequese, estudei em escola católica, o cristianismo está dentro de mim querendo eu ou não, e a experiencia que tive com a “palavra de Deus” não foi essa, não consigo aceitar o Deus vingativo e cheio de ódio do velho testamento, mas me solidarizo e tenho grande empatia pelo Deus do novo testamento, o Deus misericordioso, o Deus que enviou seu filho pra morrer pela humanidade, perdoando os pecados, o Deus que não aponta dedos, o Deus que se colocou na frente de uma pecadora pra receber uma pedrada se necessário fosse, o Deus que expulsou o comércio de dentro de sua casa, o Deus que defendia as minorias, se cabe a mim escolher se acredito ou não em um Deus, é nesse Deus que quero crer.

Joseph Goebbels, braço direito e ministro da propaganda nazista, o mesmo que foi parafraseado pelo ex-ministro da cultura do atual governo, disse com uma sabedoria maligna, que “uma mentira contada mil vezes, torna-se uma verdade.” Isso vem ocorrendo diariamente em doses cavalares com essas insuportáveis “Fake-News”, termo criado apenas para eufemizar o que elas realmente são, MENTIRAS, recebemos isso todos os momentos, pelas redes sociais, pela televisão, pelas emissoras de rádio e o que isso tem feito de bom para nossa sociedade, dividindo-a entre o “bem e o mal”, essa dicotomia ignorante, onde amigos e familiares se separam e se odeiam, não precisa ser um gênio pra perceber que algo muito errado está acontecendo não é mesmo.

Está desgastante ser empático nesse país e no mundo que vivemos, porque a empatia nada mais é do que é a capacidade psicológica de sentir o que sentiria outra pessoa, caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela, e, se estamos vivendo no meio de tanto ódio, o que mais um empata poderia sentir se não ódio pelos outros.

Gostaria sim de voltar para um tempo em que eu poderia sair nas ruas, expor minha opinião sem ter medo de alguém ouvir, achar ruim e me dar uma paulada por causa disso, ou um tiro, ou me xingar, me agredir de qualquer forma possível.

Não sei o que fazer para que essa situação mude, a não ser fazer o que já tenho tentado, alertar os outros do caminho equivocado que está sendo traçado, faz-se muito necessário desviarmos desse caminho que na maioria das vezes leva-se anos e mais anos para desaparecer.

Como iniciei minha reflexão falando de cachorros, acho apropriado mencionar seus irmãos mais velhos, os lobos, alguns devem ter ouvido a história Cherokee conhecida como “A fábula dos dois lobos”, evidentemente não vou colocar a fábula completa no meu texto, mas colocarei um link, para quem quiser, ler posteriormente. A história é simples, dois lobos moram dentro de uma pessoa, um cheio de raiva e um outro bom, cheio de amor, eles estão em constante batalha dentro dela, mas quais dos dois irá vencer, obviamente é aquele que a pessoa alimentar mais. 

Espero que nos próximos anos o amor possa voltar a ser cultivado, volte a florescer e mate de fome esse ódio dentro de nós!

https://obemviver.blog.br/2015/03/23/a-fabula-dos-dois-lobos-qual-deles-voce-quer-alimentar-reflexao/

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