quinta-feira, 26 de julho de 2007

Mídia & Violência

“Antigamente, a veracidade de uma notícia representava o seu maior valor. Em nossos dias, o redator-chefe ou o diretor de um jornal não exige mais que uma informação seja verdadeira, mas que seja interessante. Se se considera que a notícia não é interessante, ela não é publicada. Do ponto de vista ético, é uma mudança considerável”.(Ryszard Kapuscinsky, jornalista polonês).
O pensamento acima retrata bem o que ocorre nos dias de hoje, o jornalismo atualmente não segue mais os padrões éticos e esquece que o seu “ponto de vista” afeta milhares de pessoas. A mídia só está veiculando o lado mais pessimista da sociedade, e isso faz com que a população perca a esperança de um futuro melhor. No entanto não posso colocar uma “tapa” e não ver que a mídia influencia – e muito – o pensamento, deixando assim de noticiar fatos que são de interesse geral.
A violência é uma constante, principalmente nas grandes cidades, por esse motivo ela deve ser relatada, não de uma forma agressiva, mas de uma forma realista, lógico que, embora não devesse, existe uma parcialidade nas matérias construídas, sendo assim, cabe ao leitor identificar a veracidade da mesma.
Também considero que matérias apresentem projeções construtivas e otimistas, a sociedade está precisando de um pouco mais de esperança para que consiga “sobreviver” a uma realidade tão violenta e desumana. Realmente acho que a violência tem sido mostrada com demasiado “glamour” fazendo com que se torne interessante e até mesmo usual, mas não aceito a tese de que o espectador esteja simulando um repulso perante a violência publicada em toda a mídia. A população está sim é acostumada com a violência e a degradação da imagem de outrem, a violência se tornou tão banal que o espectador já não assiste porque gosta, mas porque está acostumado.
Nos dias de hoje não se pode mais ligar a TV sem sentir no mínimo um certo grau de desprezo pela atual programação, pessoalmente não consigo mais ligar o televisor devido a tanta baixaria. Considero isso um total desrespeito ao telespectador e ainda bem que quem inventou a TV também inventou o botão de ligar/desligar.
Considerando a diferença na cobertura que a mídia dá para fatos semelhantes em contextos sociais diferentes, o problema não é simples de ser resolvido, essa diferenciação é histórico-cultural, desde que nascemos enfrentamos preconceitos devido ao contexto social. Se você está ganhando bem, morando em um bairro rico, convivendo com a parte “civilizada” da sociedade terá um tratamento diferenciado daquela classe pobre, marginalizada, que é julgada pela sua aparência e não pelo seu conhecimento. Atualmente é difícil encontrar aquele que não comente o nível de desigualdade social enquanto atravessa a rua por ter visto um mendigo ou um menino de rua, a diferença social é tão gritante quando a hipocrisia existente e a mídia, no entanto parece ignorar essa disparidade.
O engraçado é que no meio jornalístico são raros aqueles que se preocupam com a verdade dos fatos, eles simplesmente escrevem o que eles acham que é verdade sobre aquilo que eles não tem conhecimento, é exatamente como o jornalista Abbott Joseph Liebling diz: “Os repórteres se dividem em três categorias: o repórter, que escreve o que viu; o repórter interpretativo, que escreve o que viu e o que ele acha que isso significa; e o repórter especialista, que escreve a respeito do significado do que ele não viu”. Penso que o que nós mais encontramos nessa profissão é o terceiro.
Para finalizar sempre uso pensamentos de grandes pensadores e dessa vez não vai ser diferente. “A maior de todas as virtudes é o amor. Neste mundo que repousa sobre a força, a tirania e a violência, tende como missão seguir o caminho do amor; descobrireis assim que o amor, desarmado, é a força mais poderosa do mundo”.(Martin Luther King)

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