quinta-feira, 26 de julho de 2007

Sensacionalismo

Costa Gravas sempre foi um grande cineasta, embora já tenha feito filmes melhores do que “o quarto poder”, mesmo assim este não pode ser descartado.
O filme relata o sensacionalismo na imprensa e o grande poder que a mesma detém, como órgão de formação de opinião. Um repórter em declínio na profissão (Dustin Hoffman) presencia uma situação inusitada num museu: um dos seguranças do estabelecimento (John Travolta) - que havia sido demitido a fim de se conseguir um corte de despesa - volta ao museu disposto a recuperar o antigo emprego. Numa atitude desesperada, pede o cargo de volta ameaçando a diretora do museu com uma arma. Nesse momento o museu está repleto de crianças em uma excursão escolar. O repórter, que se encontrava no local para uma pequena reportagem, vê a chance de contar uma grande história e recuperar o prestígio na profissão.
Mesmo sendo uma história muito usada no cinema, o filme faz com que seus espectadores reflitam um pouco mais sobre o quão poderosa é a mídia. Embora particularmente eu prefira outros filmes sobre o assunto, como: “Cidadão Kane”, “A Montanha dos Sete Abutres”, “O Show Truman”, “O Mundo de Andy”. O interessante de filmes deste patamar é que eles mexem com o senso crítico de seu público, um exemplo disso é a maneira como se desenvolve uma discussão sobre os valores éticos da imprensa e de quem a assiste.
A mídia exerce uma influência muito grande para com a sociedade, às vezes ela esquece disso desrespeitando a Lei que a apresenta como um instrumento educacional, a mesma transforma-se num meio de “emburrecimento” público. O Brasil atualmente vive um momento de indignação por finalmente “descobrir” o que a mídia, pelo menos uma parte dela, vem fazendo há anos. Isso ocorreu quando veio abaixo a farsa que Algusto Liberato realizou em seu programa, ficou bem claro o número de pessoas aéticas existentes nos meios de comunicação.
Triste é saber que a maioria da população é conivente com essa situação, pois graças a falta de educação do povo brasileiro, e não apenas do povo brasileiro, programas como este ainda obtém uma audiência expressiva. Programas como “Domingo Legal”, “Ratinho”, “A Hora da Verdade”, “Cidade Alerta” e outros deveriam ser reformulados e realizados por profissionais eticamente competentes, realizando assim uma imprensa de qualidade e de incentivo ao desenvolvimento intelectual de uma sociedade oprimida por sistema insano.
Não podemos permitir que o aforismo que Nietzsche proferiu há tempos atrás torne-se uma verdade absoluta, já que ele mesmo negava essa possibilidade. “Não há fatos, só interpretações.”
O termo sensacionalismo não se encaixa nos padrões do jornalismo, termos como esse, se praticados, só tendem a denegrir a imagem dos jornalistas respeitáveis que ainda se preocupam com a ética e a moral nos meios de comunicação. E graças a esses profissionais o mundo das comunicações ainda pode ser recuperado.
Infelizmente o principal motivo para que essa mudança de comportamento não ocorra, que essa recuperação não surja, ao meu ver, é a falta de interesse dos nossos “líderes”, que não querem uma sociedade mais consciente e crítica, uma sociedade que saberá escolher líderes competentes e de real interesse para a mesma. Nestes casos, o Positivismo pregado no Brasil não ajuda em nada, temos é que sair às ruas e mostrar um movimento digno de uma raça pensante, um movimento tão importante quanto o “impeachment” de Fernando Collor de Melo, mas de real participação popular, não aquela farsa vista na década de 90.
Está na hora de realmente haver um desenvolvimento real na nossa sociedade, chega de aceitar a mediocridade existente nesse sistema em que vivemos. Já passou da hora de mudar.

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